Um grupo de 26 cargos operacionais – 16 de loja – registrou aumento nominal entre 8% e 40%. Esses postos descolaram da média do setor, que foi de 6,5% de crescimento. Esse resultado se deve sobretudo às políticas salariais das redes regionais. Saiba mais
Repositores: 30% de aumento, em média
Cargo considerado “coringa” na operação de todo supermercado, a função de repositor registrou aumento salarial médio de 30% entre 2013 e 2014. Cartazista é outro exemplo de cargo com valorização: alta de 25%
Turnover
A rotatividade de pessoal aumentou 2 pontos percentuais (pp) na mais recente pesquisa, em comparação com o estudo anterior. Ao contrário de 2013, não foi a área operacional de loja que influenciou o resultado. Desta vez, o índice foi puxado pelos cargos administrativos, de CDs e pelas gerências de lojas
A desaceleração econômica influenciou os salários no autosserviço alimentar no ano passado. Segundo pesquisa de Remuneração no Varejo, realizada pelo Hay Group e publicada há seis anos com exclusividade por SM, a massa salarial do setor teve uma alta média de 6,5%, o que só repôs a inflação de 6,1% – esse percentual refere-se ao acumulado anual até junho de 2014, mês-base das informações do estudo (veja quadro sobre metodologia). Em termos reais, o aumento foi de 0,4%. Em um cenário de economia fraca, as empresas frearam aumentos na folha salarial, como promoções e reajustes por mérito. Para controlar custos, realizaram apenas a correção do dissídio.
Apesar disso, o desempenho dos salários no varejo foi superior ao do mercado geral, que inclui as práticas de remuneração de diversos segmentos econômicos. Nele, a alta foi de 4,6%, enquanto em 2013 ficou ligeiramente acima da do comércio. Entre outros fatores, isso se deve à fraca performance da indústria, que cortou postos de trabalho e promoveu ajustes em função da queda na produção.
Boa notícia também foi o crescimento nominal entre 8% e 40% dos salários de 26 cargos de loja, CD e comercial no varejo alimentar em 2014, de uma lista de 53 publicados nesta reportagem. Dessas funções em destaque, 16 são de operação de loja, sendo que apenas cinco correspondem a postos técnicos – os chamados 'eiros' –, nos quais a oferta de profissionais continua em baixa. Redes regionais puxaram esse resultado. "Elas praticam médias salariais acima das do mercado para reter profissionais e compensar o portfólio menor de benefícios em relação às grandes empresas do setor", explica Diego Furtado, consultor do Hay Group.
Conferente foi a função de loja com maior alta nominal: 34%. Foi seguida pelo repositor/ estoquista, com aumento bruto de 30%. Ambas são funções associadas ao abastecimento em gôndola, que foram valorizadas pelas empresas a fim de elevar a eficiência operacional e garantir mais vendas. "Além disso, repositor é um cargo coringa, que pode também ajudar no atendimento", afirma Furtado. "Mas vale ressaltar que apenas os bons funcionários estão sendo valorizados", acrescenta o executivo.
Repositores: 30% de aumento, em média
Cargo considerado “coringa” na operação de todo supermercado, a função de repositor registrou aumento salarial médio de 30% entre 2013 e 2014. Cartazista é outro exemplo de cargo com valorização: alta de 25%
Turnover
A rotatividade de pessoal aumentou 2 pontos percentuais (pp) na mais recente pesquisa, em comparação com o estudo anterior. Ao contrário de 2013, não foi a área operacional de loja que influenciou o resultado. Desta vez, o índice foi puxado pelos cargos administrativos, de CDs e pelas gerências de lojas
A desaceleração econômica influenciou os salários no autosserviço alimentar no ano passado. Segundo pesquisa de Remuneração no Varejo, realizada pelo Hay Group e publicada há seis anos com exclusividade por SM, a massa salarial do setor teve uma alta média de 6,5%, o que só repôs a inflação de 6,1% – esse percentual refere-se ao acumulado anual até junho de 2014, mês-base das informações do estudo (veja quadro sobre metodologia). Em termos reais, o aumento foi de 0,4%. Em um cenário de economia fraca, as empresas frearam aumentos na folha salarial, como promoções e reajustes por mérito. Para controlar custos, realizaram apenas a correção do dissídio.
Apesar disso, o desempenho dos salários no varejo foi superior ao do mercado geral, que inclui as práticas de remuneração de diversos segmentos econômicos. Nele, a alta foi de 4,6%, enquanto em 2013 ficou ligeiramente acima da do comércio. Entre outros fatores, isso se deve à fraca performance da indústria, que cortou postos de trabalho e promoveu ajustes em função da queda na produção.
Boa notícia também foi o crescimento nominal entre 8% e 40% dos salários de 26 cargos de loja, CD e comercial no varejo alimentar em 2014, de uma lista de 53 publicados nesta reportagem. Dessas funções em destaque, 16 são de operação de loja, sendo que apenas cinco correspondem a postos técnicos – os chamados 'eiros' –, nos quais a oferta de profissionais continua em baixa. Redes regionais puxaram esse resultado. "Elas praticam médias salariais acima das do mercado para reter profissionais e compensar o portfólio menor de benefícios em relação às grandes empresas do setor", explica Diego Furtado, consultor do Hay Group.
Conferente foi a função de loja com maior alta nominal: 34%. Foi seguida pelo repositor/ estoquista, com aumento bruto de 30%. Ambas são funções associadas ao abastecimento em gôndola, que foram valorizadas pelas empresas a fim de elevar a eficiência operacional e garantir mais vendas. "Além disso, repositor é um cargo coringa, que pode também ajudar no atendimento", afirma Furtado. "Mas vale ressaltar que apenas os bons funcionários estão sendo valorizados", acrescenta o executivo.
Entre os seis postos de CDs (Centros de Distribuição) que tiveram maior alta, o principal destaque foi analista de abastecimento jr., com reajuste nominal da ordem de 40%. Depois, vem o analista de logística jr., com 27%. Esses crescimentos são justificados por serem cargos responsáveis pelo planejamento logístico visando ao correto abastecimento das lojas. Excetuando-se postos com esse perfil, houve maior estabilidade nos salários dos CDs em relação aos anos anteriores. "As redes já investiram o que podiam nos profissionais dessa área", afirma o consultor do Hay Group. As práticas salariais de 2014 refletiram no turnover. Na média atingiu 41% na última Pesquisa de Remuneração, contra 39% da anterior. Só se salvou a rotatividade do pessoal de loja, que caiu três pontos percentuais (pp), para 62% – ainda assim um patamar bem elevado. Já o turnover dos CDs subiu 7 pp, alcançando 58%, e o do pessoal administrativo, 4 pp, atingindo 29%. "Muitas redes do setor promoveram reestruturações, com enxugamento de quadros e de processos a fim de obter maior produtividade", explica Furtado. Também aumentou 4 pp a rotatividade dos gerentes de lojas, que alcançou 17%. Segundo Furtado, a maior capacitação desses profissionais, impulsionada pelos programas de formação oferecidos pelas empresas, tornou-os atraentes para outras companhias. Mas isso não significa que os supermercados devam suspender investimentos nesses profissionais. Afinal, eles continuam na linha de frente dos resultados das lojas.
Recontratar ex-funcionario acelera reposicao de vagas
Medida tem sido adotada para ajudar a combater escassez de profissionais, sobretudo na área técnica
Medida tem sido adotada para ajudar a combater escassez de profissionais, sobretudo na área técnica
Independente de cair ou subir, o fato é que o índice de turnover no setor continua alto. Isso leva ao desafio de repor rapidamente os postos em aberto. "Uma alternativa adotada por muitos supermercados é recontratar ex-empregados", afirma Diego Furtado, consultor do Hay Group. "São pessoas que deixaram a empresa, mas não há nenhuma queixa com relação à sua atuação. A vantagem é que conhecem a dinâmica de trabalho", explica. Quem tem recontratado ex-colaboradores é a paranaense Superpão, com 17 unidades. No último ano, foi procurada por vários ex-funcionários interessados em voltar a trabalhar na companhia. Segundo José Fernando Brecailo Junior, diretor de operações, a maioria dessas pessoas deixou a empresa por motivos pessoais ou por terem recebido outra proposta de emprego. Quando retornam, ingressam no mesmo setor onde trabalhavam antes, sendo a maioria da área operacional e profissionais de formação técnica. Ele afirma que a iniciativa tem ajudado a suprir a escassez de mão de obra. Entre as vantagens, está o fato de já conhecerem os procedimentos da loja e do setor no qual vão atuar. O perfil profissional também já é conhecido pela empresa, que sabe, por exemplo, como é o relacionamento com a equipe, compromisso com horário, entre outros. Os recontratados estão cientes dos benefícios oferecidos, dos programas de incentivo adotados e dos compromissos assumidos pela empresa com cada empregado. "Eles absorvem rapidamente os novos treinamentos", diz o diretor. Outro ponto positivo: retornam valorizando mais a companhia. "Quando questionados sobre por que desejam voltar, afirmam que se trata de uma empresa séria, com compromissos, que paga seus funcionários da forma correta e que está preocupada com os direitos trabalhistas, como hora extra, folgas, entre outros", afirma Brecailo Junior.
A Hay Group constatou ainda que a possibilidade de desenvolvimento é o fator que mais retém empregados, apontado por 60% das redes participantes do estudo. Possibilidade de carreira fica em segundo lugar, com 55% de citações. "Vale a recomendação de deixar claro as oportunidades na companhia e como alcançá-las", ressalta Carlos Silva, gerente da consultoria. Remuneração variável também contribui para manter pessoas, pois possibilita um 14º salário. Em 2014, alguns níveis hierárquicos superaram metas definidas pelas redes, apesar da desaceleração das vendas. Profissionais de gerência, por exemplo, tinham como alvo um adicional de 1,9 salário, mas "entregaram" um pouco mais e ganharam 2 salários, na média. Já a alta gerência cumpriu à risca o que havia sido definido e recebeu os 2,5 salários programados. Silva explica que, nesses níveis, pesa mais o cumprimento de indicadores de lojas – ruptura, perdas, entre outros –, além de metas individuais, como gestão de pessoas.
Segundo o gerente do Hay Group, é diferente do que acontece na diretoria. "No bônus desses profissionais, o maior peso está no desempenho financeiro da empresa, impactado por fatores conjunturais", esclarece. Por essa razão, os diretores receberam, em média, 3,2 salários por metas cumpridas, quando o estabelecido era 4,3 salários. Já os cargos operacionais tinham como alvo levar 1,1 salário, mas só embolsaram 0,6 – cerca de 54% do holerite. Para esse pessoal, a remuneração variável corresponde à Participação nos Resultados, cujos parâmetros são definidos nos acordos sindicais. A média das negociações raramente ultrapassa um salário.
"Nesse segmento está a grande massa de funcionários. Por isso, o PPR tem sido usado pelos sindicatos como barganha nas negociações de convenções coletivas", diz o gerente Carlos Silva. Por envolver muitos profissionais, as metas desse grupo são normalmente aquelas definidas para a filial. Seria complexo estabelecer objetivos específicos para cada colaborador de loja, sem contar a dificuldade na avaliação do desempenho individual. Manter na sua rede um bom programa de remuneração é benéfico para todos. "Quando bem desenhado, com metas alinhadas aos objetivos da companhia, o programa se paga e garante retorno para a empresa", finaliza o gerente do Hay Group.
Por Alessandra Morita
Nenhum comentário:
Postar um comentário