sábado, 28 de fevereiro de 2015

Comunicação visual: o ponto forte da reforma de loja

Além de construir novas lojas a cada ano, o setor de supermercados
reforma centenas de lojas pelo Brasil todo. Nessa hora, uma questão essencial é pensar a comunicação visual da loja e até da rede, como maneira
de encantar e informar bem ao cliente todas as novidades acrescentadas
para seu bem-estar na hora das compras
Quando o supermercadista resolve reformar uma loja, vem logo uma questão à mente: Como vamos mostrar que essa loja realmente mudou? A resposta está na cara. Na cara nova que a loja deve ter, na sua identidade visual. É ela que sintetiza o DNA, a personalidade de uma loja ou rede, refletindo a alma da empresa e as particularidades daquele ponto-de-venda. Porém, muito mais que isso, ela é a responsável por organizar as informações no espaço sem gerar poluição e informar com qualidade e precisão ao cliente o que ele procura. Por essa razão, mudar ou inaugurar uma nova comunicação visual em sua loja deve exigir muito planejamento e profissionalismo.
"A comunicação visual na loja é uma extensão de tudo o que é a empresa. Portanto, ela precisa estar perfeitamente integrada com a operação e com o marketing", afirma o sócio e designer da Design Novarejo, Marcos Morrone. Isso porque é preciso comunicar ao cliente o que realmente ocorre na loja. Se o mote da empresa é preço baixo, esse deve ser o foco. Se a loja concilia serviço e preço, a comunicação tem de se adequar a esse propósito também, conciliar esses dois fatores.
Em virtude dessa importância, Morrone diz que a comunicação visual, melhor entendida como design de loja, já que engloba, além da sinalização e da precificação, também a ambientação e a decoração, é estratégica para qualquer empresa do setor. "É preciso pensar, planejar a comunicação visual em relação às propostas da empresa, da loja em questão. Será a nova proposta de comunicação visual que ditará a cor do piso, o tipo de revestimento, a decoração, interferindo até nos tipos de equipamentos e mobiliários. Enfim, em todo o design da loja", explica.
Contudo, a primeira lição da boa comunicação visual, seja para um pequeno supermercado ou para um hipermercado, segundo Morrone, é: "Ofereça uma comunicação visual limpa, fácil, agradável, organizada, que estimule o cliente a comprar".
Além do estímulo às compras, é claro, a comunicação visual tem por obrigação oferecer a informação certa e de forma clara ao cliente desde quando ele chega à loja: como estacionar, como entrar na loja, onde está cada seção, a boa precificação dos produtos, as promoções, etc.
A gerente de comunicação visual do Grupo Pão de Açúcar, Ana Elise Fagundes, diz que a eficiência comunicacional é de suma importância. "Além de dar identidade à loja e decorá-la, a comunicação é o guia do consumidor na loja. As informações precisam ser eficientes, sem pecar pelo excesso nem pela falta. Precisam ser breves e certeiras", diz.
Fachada
Se, como diz o ditado, a primeira impressão é a que fica, toda a atenção é pouca para o tratamento a ser dado à fachada de uma loja, seja ela um hipermercado ou um supermercado de vizinhança. A fachada é a primeira parte da loja a ser visualizada pelo cliente e por isso deve ser bem atrativa.
"A loja precisa ser vendida desde fora. O Extra Hipermercado (do Grupo Pão de Açúcar, primeiro colocado no Ranking Abras), cujo projeto fomos nós que elaboramos há quatro anos, traz, na fachada da maioria de suas lojas, a frase ‘Mais Barato’ diversas vezes escrita. A intenção dessa criação, na época, foi enfatizar um dos principais atrativos de um hipermercado: o preço baixo", explica Morrone.
Além da fachada, bem-cuidada e sinalizada, mostrar a principal característica da loja, o designer diz que hoje já se tornou fundamental o uso seqüencial de painéis, e até mesmo outdoors em frente à loja bem visíveis ao consumidor que trafega pela frente da loja. "Esses painéis, preferivelmente com fotos, podem ter diferentes tamanhos e devem mostrar, conforme o público a que se queira atingir, os serviços que a loja oferece, os produtos com preços mais baixos, os principais serviços da loja, e até os cuidados que a rede toma com a qualidade (por exemplo, colocar uma placa com os dizeres: Hortifrútis direto da horta)", explica.
Já Júlio Soriano, da Forma Design, responsável pela comunicação visual de redes como o Savegnago, do interior paulista, e do DB, de Manaus, observa que nem sempre a agressividade na comunicação vi-sual externa é vantajosa. "Há lojas que não dispõem de espaço para isso e, para alguns públicos, como os de alta renda, esse tipo de ação não surte o efeito desejado, sendo melhor uma fachada com foco na marca, no logo da empresa e nada mais", avalia.
Por essa razão, Morrone faz questão de frisar a necessidade e a importância do planejamento de cada loja, o que envolve pesquisa junto aos consumidores da região, e do acompanhamento profissional na elaboração dessa comunicação. "Isso por que, além de se fazer um projeto e inaugurá-lo, é preciso que haja um estudo de implementação, para que os funcionários do supermercado evitem colocar cartazes e faixas na fachada ou mesmo dentro da loja, de forma inadequada, e muitas vezes sobrepostos à comunicação visual fixa. Assim, evita-se a poluição visual e até a desinformação", diz.
Inovar na fachada
Uma mudança na comunicação visual da fachada pode, e muitas vezes deve, ser ousada, fugir do tradicional. O novo projeto de comunicação visual da rede Carrefour, segundo no Ranking Abras, é todo arrojado, e a fachada não podia fugir disso. Ela conta com o acréscimo da cor verde-limão como pano de fundo do logotipo da rede. "Queríamos chamar a atenção do consumidor, chocá-lo positivamente. Mostrar na fachada que as lojas e a própria empresa haviam mudado por dentro também", informa Morrone.
Outra maneira de inovar é pela arquitetura. O Extra da Mooca, bairro da zona leste da capital paulista, é um exemplo disso, ao preservar a arquitetura do Contonifício Crespi, uma indústria de tecido do século 19. A loja, com cerca de 6 mil metros quadrados de área de venda e edificada de modo a aproveitar parte do antigo prédio industrial, tem um apelo à história da cidade e do bairro, o que cativa o público, especialmente o da região.
Proposta semelhante tem o Savegnago com a sua loja 17, inaugurada há aproximadamente um ano e que tem 2,3 mil metros quadrados de área de vendas e 18 check-outs. A principal característica da fachada é a sua arquitetura, semelhante à das casas típicas de Ribeirão Preto, cidade onde está localizada. Mais uma vez, a proposta é cativar o consumidor da região, fazer com que ele se identifique com a loja.
Produtos em destaque
Dentro da loja a comunicação visual precisa respeitar alguns aspectos. O primeiro deles é evidenciar os produtos e não encobri-los. "A comunicação visual precisa estar no alto ou em pontos focais sem interferir na visualização dos itens expostos nas gôndolas", diz Morrone.
Para uma boa comunicação visual, pelo alto, cada vez são mais utilizados grandes painéis com os nomes das seções (com fotos, pinturas ou ilustrações) e até estruturas metálicas. "Nossa unidade de Ribeirão Preto (loja 17) destaca os hortifrútis pelo alto, por meio de uma estrutura metálica, com plantas, pendurada sobre os produtos", diz o gerente de marketing do Savegnago, Valdir Ribeiro. Ele conta que os painéis têm o nome da seção em letras grandes e pretas, uma foto que diz respeito à seção, em preto e branco, e a imagem do produto em foco, colorida, em alto-relevo.
Além do teto, o piso pode ser utilizado na sinalização, seja para realçar os produtos ou mesmo promovê-los. Por isso, toda a área de perecíveis da nova loja Savegnago ganhou cores especiais nos pisos. "A seção de hortifrútis tem detalhes verdes no piso, o açougue, detalhes vermelhos, e os frios, azuis", afirma Ribeiro. Esse tipo de artifício, além de indicar ao cliente em que seção se encontra, também serve para tornar mais agradável a ambientação da loja, outro fator de estímulo ao consumo.
Ana Elise, do Pão de Açúcar, diz que o maior grupo supermercadista do País não usa o piso com o propósito de comunicar. "Não usamos detalhes nem cores e nem materiais diferentes para o piso das diversas seções da loja, porque acreditamos que isso ‘trava’ o layout. Em caso de mudança de layout, o piso com cor característica poderá destoar", comenta a gerente de comunicação visual.
Iluminação
Para destacar os produtos, outro fator que interfere diretamente na imagem, na percepção visual de beleza e qualidade que o cliente tem, é a iluminação.
A unidade da rede mato-grossense Modelo IGA, localizada no Shopping Pantanal, em Cuiabá, inaugurada em novembro do ano passado, dispõe de uma padaria que ilustra bem o efeito proporcionado pela iluminação quando corretamente utilizada. Os produtos são bem-iluminados no balcão de vidro, com detalhes em metal, que os protege e expõe. Embaixo do balcão, uma luz azulada fosforescente reluz no piso, dando uma sensação de sofisticação e fazendo com que a seção em nada deva a uma padaria especializada.
Contudo, uma boa iluminação, prevista em um bom projeto, é indispensável para a comunicação visual de qualquer loja, da mais simples à mais sofisticada.
A gerente de comunicação visual do Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, explica que nas lojas do Extra Hipermercados e do Pão de Açúcar a iluminação apresenta diferenciais entre as diversas seções das lojas. "Seções como a de hortifrúti precisam de iluminação reforçada para ganhar destaque, já que os produtos são expostos em uma altura menor, em vascas, etc. Fazemos isso no Extra e no Pão de Açúcar", explica.
Mas, nas lojas Comprebem, bandeira da rede com foco nas classes C e D, a iluminação é mais simples e homogênea. Isso se deve porque o reforço na iluminação para algumas seções exige um investimento maior, o que nem sempre é válido, especialmente quando o objetivo da rede é o preço baixo, o que obriga à redução de custos.
Mesmo assim, é preciso pensar a qualidade da iluminação para que não prejudique a visualização dos produtos. Há exemplos de supermercados menores, inclusive, que aproveitam em seu projeto de arquitetura a luz natural, o que se reflete na comunicação visual como um todo. Outro cuidado, quando se fala em efeito luminotécnico, é com o tipo de piso utilizado. O ideal é o piso ser claro para refletir a luz e deixar a loja mais iluminada.
Ambientação
A comunicação visual para destacar uma determinada linha de produto pode ser sofisticada a ponto de tornar-se um espetáculo à parte na loja, atraindo os mais diversos públicos. Os hipermercados da rede paranaense Condor são um exemplo, pela forma como inovaram nos efeitos visuais. Na loja de Londrina, o cliente encontra, na seção de congelados, uma decoração que traz uma ponte de gelo e iglus, no intuito de remetê-lo à idéia de pólo.
"As lojas precisam oferecer o máximo de opções para tornar a experiência de compra agradável. A comunicação visual por meio de decorações cumpre esse papel. O público gosta, ao menos se verifica nas lojas do Condor", diz o arquiteto da Top Brasil, Sérgio Ricardo Ribeiro de Azevedo, que procura fazer estruturas metálicas espaciais com uma finalidade decorativa, na maior parte dos hipermercados do Condor.
"Numa unidade de Curitiba, criamos para a seção de hortifrúti uma estrutura que simula uma espécie de processador pelo qual frutas, verduras e legumes (artificiais) gigantes passam antes de chegarem às vascas". Esse tipo de comunicação permite que o cliente não se canse da compra, pois encontra um novo ambiente a cada seção. "É como correr num circuito amplo, com diversas paisagens. Seguramente o corredor cansa menos assim do que se se corresse a mesma distância numa pista de atletismo com o mesmo visual o tempo todo", explica Morrone, da Design Novarejo.
Com isso em mente, Morro-ne e sua equipe projetaram a nova comunicação visual da loja Carrefour, inaugurada no final do ano passado. "O conceito de que a loja precisa agradar, fazendo com que o consumidor passe boa parte de seu tempo no estabelecimento, é fundamental para os hipermercados, onde a distância a ser percorrida é maior", diz. Se a ambientação não for boa, o consumidor tende a se cansar da compra e a deixar o hipermercado rapidamente. "Os diversos ambientes para caracterizar as diferentes linhas de produtos são fundamentais para proporcionar satisfação ao cliente", afirma.
Esse nada mais é do que o conceito loja dentro da loja, que procura justamente conferir à seção um ar de loja especializada. O novo modelo de loja Carrefour Bairro, inaugurado em dezembro passado na zona sul da capital paulista, traz um bom exemplo nesse sentido. "A seção de cervejas da unidade foi concebida como um boteco sofisticado, por meio do qual as diversas marcas são expostas por onde passam os consumidores", diz.
As opções de "mundos" não param por aí. Segundo Morrone, a loja revoluciona, porque cada seção tem uma ambientação própria e bastante sofisticada, já que é voltada para as classes A e B. A seção de eletrônicos, por exemplo, ganhou uma apresentação mais "cyber", com o predomínio da cor azul e dos tons metalizados. Nos itens para a casa, dentro do bazar, o cliente não só encontra uma comunicação visual diferenciada, mas se sente em um ambiente completamente diferente, por causa do piso e do mobiliário em madeira e da decoração. "Nós participamos não só da comunicação visual da loja, mas do desenvolvimento de todo o design, para a criação dos diferentes ‘mundos’", explica Morrone.
A ambientação, além de caracterizar uma seção, pode dar ênfase a um segmento de produtos, mostrando um ponto forte da loja. A loja Modelo IGA da Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá (MT), é um bom exemplo. "A loja é muito forte em pratos prontos e, em razão disso, possui uma comunicação visual arrojada nessa área, que foi toda pensada para oferecer mais conveniência aos clientes, incluindo mesas para os consumidores que desejam se servir e consumir ali, na própria loja", explica Morrone.
Público
Cada loja pede uma comunicação visual de acordo com a comunidade a que deve servir. "Não se pode, por exemplo, assustar o cliente de baixa renda com uma loja que foge à realidade dele", diz o presidente da rede Modelo, Altevir Magalhães.
De acordo com ele, cada loja tem uma identidade própria – mesmo pertencendo a uma mesma rede –, em função de seu público consumidor. Por isso, ele não leva em conta a opção de fazer uma comunicação visual fechada para a rede toda. "Quando fazemos uma reforma, o que não se dá apenas em comunicação visual, mas de maneira mais abrangente, pesquisamos junto aos clientes o que seria ideal para aquela loja. Com base nisso, montamos o nosso projeto e implementamos", explica Magalhães.
Já Soriano, da Forma Design, enfatiza a necessidade de se pensar a comunicação visual respeitando o consumidor das diferentes regiões de um País com dimensões continentais como o Brasil. "Nas lojas do DB, em Manaus, optamos por fazer alusão aos animais e à beleza natural da região amazônica", explica. Um exemplo é a peixaria da loja, que traz imagens de peixes típicos da região. Uma maneira de atrair não apenas os consumidores locais, que gostam de ver sua terra prestigiada, mas também os turistas.
Para uma rede nacional, como o Grupo Pão de Açúcar, que tem uma comunicação visual padrão em cada uma das suas bandeiras, a necessidade de adaptar suas lojas para diferentes públicos é bastante acentuada. Embora suas diversas redes possuam uma linha mestra em suas comunicações, há uma margem para agregar as peculiaridades regionais. "No Rio de Janeiro, por exemplo, as lojas do Extra são menos coloridas, a comunicação visual é mais suave, em virtude da preferência do público", explica Ana Elise.
Pequenos
Para o arquiteto da Top Brasil, Sérgio Azevedo, o cliente da loja se sente contemplado, presenteado pelo empresário na ocasião de uma reforma de loja que atenda aos seus anseios, ainda mais quando esta ganha uma nova e boa comunicação visual. O retorno do público se dá rapidamente, com o aumento nas compras. "A diferença do faturamento antes e depois da reforma é ainda mais perceptível nas lojas de vizinhança, nas pequenas empresas que trabalham com uma só unidade e são extremamente vinculadas ao bairro", afirma.
Em Apucarana, interior do Paraná, a loja Super Mais, voltada também para um público de alta renda e que tem o projeto de comunicação visual assinado por Azevedo, promoveu alterações nos painéis das seções de perecíveis e pintou tijolinhos nas pilastras existentes na loja. "Além disso, fomos arrojados na escolha das cores. As paredes internas trazem vermelho nas proximidades da seção do açougue, azul esverdeado para peixaria e amarelo para hortifrúti e padaria. O publicou gostou bastante", diz o supermercadista Luiz Fernando Mamede Mendes.
Além do impacto visual causado pelas cores contrastantes, há a alusão, pelas cores, aos produtos que se encontram próximos a essa ou àquela parede. No caso da padaria e do hortifrúti, o amarelo está presente, de certa forma, na cor do pão e de algumas frutas e legumes. O azul esverdeado da peixaria remete o cliente ao mar, e o açougue, com a parede vermelha, é uma clara e tradicional alusão à carne vermelha.
A mudança na comunicação visual da loja Super Mais seguramente contribuiu para o crescimento de 20% nas vendas da loja um mês após a reforma, realizada em dezembro e que englobou ainda o aumento da área de venda – passou de mil metros quadrados para 1,2 mil –, a ampliação de quase todas as seções e a criação de uma peixaria.
Resultados significativos também podem ser percebidos em lojas voltadas para um público de menor poder aquisitivo. A loja Supermercado Vencedor é um bom exemplo. Localizada em Braço do Norte, interior de Santa Catarina, ela atende os públicos da classe C e D. "Fizemos painéis de três metros para as seções de perecíveis. Neles, estampamos em alto-relevo os produtos concernentes, com cores bem vivas O público adorou o efeito", informa Azevedo.
A gerente do Supermercado Vencedor, Sirlene Mates Jocken, diz que a reforma e especialmente a nova comunicação visual atraíram mais público à loja. "A nova comunicação chamou muito a atenção dos clientes", conta. Assim como no caso do Super Mais, a reforma foi concluída em dezembro do ano passado e, já em janeiro, as vendas da loja apresentavam incremento de 30%.
Além da mudança na comunicação visual, a loja passou por uma sensível ampliação. "Passamos de 700 metros quadrados para 1,4 mil", diz Sirlene. Ou seja, dobrou. Com isso, o número de check-outs foi de seis para dez.
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Por Wagner Hilário

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Agora é crime vender bebida alcoólica para menor de 18 anos


A Câmara aprovou ontem (24/2) a proposta que tipifica como crime a venda ou fornecimento de bebida alcoólica a criança ou adolescentes menores de 18 anos. De acordo com o projeto, quem vender ou fornecer, mesmo que gratuitamente, bebida alcoólica a menores de 18 anos poderá ter pena de detenção de dois a quatro anos, ou estar sujeito a multa de R$ 3 mil a R$ 10 mil, além de ter o estabelecimento comercial interditado.
O projeto, de autoria do senador Humberto Costa, foi aprovado pelos deputados sem alteração e seguirá à sanção presidencial. De acordo com o deputado Hugo Leal (PROS-RJ), atualmente a legislação trata a venda de bebida alcoólica como contravenção e a lei não especificava a venda de bebida alcoólica, referindo-se apenas a venda de produtos que possam causar dependência física ou psíquica.
Por Redação SM
Fonte: O Globo

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Falhas na loja principais erros e soluções

Quem nunca enfrentou problemas na execução de produtos que atire a primeira pedra. O dono protesta, o diretor comercial e a indústria também. O consumidor fica insatisfeito e os prejuízos se acumulam.Veja o que mostra uma sondagem de SM e o que pode ser feito para resolver o problema
Execução correta do sortimento. Esse é o nome do jogo para quem quer ganhar vendas e rentabilidade. Não é de hoje que o varejista reconhece problemas no chão da loja para conduzir estratégias e pla- 01 02 nos envolvendo produtos. O que muitos ainda desconhecem é o tamanho do buraco. Sondagem de SM com 212 donos, diretores e gerentes de lojas mostra que falhas na execução geram ruptura, quebras, insatisfação do consumidor, baixa produtividade e, portanto, alta nos custos e perdas no faturamento e lucro.
Quase metade dos participantes da sondagem revelou não contar com processos bem definidos, líderes competentes e funcionários engajados. E a maioria aponta o setor de perecíveis como mais crítico (envolve as seções de padaria, açougue, hortifrútis, frios), além do processo de reposição como o mais alarmante. Em ano de economia fraca – como tende a ser 2015, conforme avaliação de muitos economistas –, garantir a eficiência operacional é ainda mais importante. Quem chama a atenção para o fato é Alexandre Ribeiro, diretor da R-Dias, assessoria para o varejo. "Não é novidade que altos índices de inflação e medo de desemprego fazem o consumidor reduzir suas compras. Resta ao varejista ganhar mais com menos", ressalta. O caminho está no controle dos gastos e na busca de maior produtividade. Isso se conquista com processos, pessoas, indicadores e, de preferência, remuneração variável com base em metas individuais. Segundo Alexandre Ribeiro, o efeito pode surpreender. "Há redes que apresentam índices de quebra e ruptura tão acima da média do setor, que, ao agir para reverter a situação, conseguem gerar valor equivalente ao da abertura de uma nova loja", afirma. Nas páginas seguintes, veja todos os resultados da sondagem de SM e soluções que vão ajudar a gerenciar melhor os produtos em sua loja. Não há sucesso sem um sortimento capaz de mobilizar a clientela. Mas atenção: é preciso coragem para abandonar certezas, eliminar práticas arcaicas, adotar novas fórmulas e desejar bem mais resultados do que já são obtidos.
ROTEIRO DOS DADOS DA PESQUISA
» 01 - Principais prejuizos
» 02- Principais causas e soluções
01 - Preço da Ineficiência na Loja
Principais prejuizos
Ainda que o mix das lojas fosse exato; as negociações, excelentes; e a entrega de pedidos, impecável, nada funcionaria se loja e retaguarda falhassem. Imagine, então, o impacto nos resultados das fissuras na execução rotineira diante das conhecidas imperfeições de toda a cadeia. O próprio varejista aponta, em sondagem de SM, as mais graves consequências. Confira
A falta de produtos nas gôndolas é o saldo mais grave da execução ineficaz nas lojas, segundo os próprios supermercadistas. Foi apontada por 71% dos entrevistados. Para Alexandre Ribeiro, diretor da R-Dias, isso é grave. "Afinal a ruptura costuma ser responsável por altos índices de perda de vendas e lucro, o que afeta a saúde do negócio", alerta. A reposição precária, por sua vez, é a maior causa da ruptura. Tanto que 58% dos respondentes admitem falhas nessa atividade. Entre os maus exemplos estão falta de controle sobre o abastecimento das gôndolas – os depósitos das lojas são desorganizados e mal sinalizados (os produtos estragam, quebram, "se escondem"), há desrespeito à indicação de espaço para cada SKU em prateleira, os buracos na exposição são preenchidos levando à frente itens que já estavam na gôndola. "E nem sempre promotores da indústria são garantia de melhor abastecimento", observa Newton Júnior, do Instituto Aquila. Ou seja, faltam processos, disciplina, monitoramento.
Mais de 30% das perdas do setor supermercadista têm nas quebras sua maior causa. Não é por acaso que 60% dos respondentes da sondagem SM apontam o problema como uma das implicações negativas de uma operação precária. Newton Júnior, do Instituto Aquila, lembra que os setores de hortifrútis, padaria, açougue, peixaria, congelados e resfriados apresentam os mais altos índices, não apenas por terem validade curta, mas por exigirem maior qualificação de quem atua nas áreas. Isso explica por que 65% dos participantes do estudo indicaram justamente os perecíveis como os mais afetados pela má qualidade da execução. Alexandre Ribeiro relaciona os erros mais cometidos: ignorar a temperatura indicada pelo fabricante no recebimento, armazenagem e exposição dos produtos, processar e expor mais alimentos do que o necessário, deixar de fazer a limpeza em balcões e expositores refrigerados, para evitar contaminação, rejeitar o sistema PVPS (primeiro que vence é primeiro que sai) no estoque e nas gôndolas.

65% dos varejistas indicam os perecíveis como os mais afetados por falhas na loja

Se faltam mercadorias, se o produto está estragado ou com má apresentação é difícil manter uma boa imagem. Se o pãozinho não é gostoso, os cortes de carne e frios são inadequados e a exposição parece confusa, a tragédia se anuncia. Acrescente ao caldeirão de calamidades vitrines de perecíveis sujas, peixes com aspecto ruim alimentos congelados em processo de descongelamento. Pronto: o negócio está por um fio. É verdade que são poucas as empresas que reúnem todos os desastres de uma só vez, mas apenas alguns deles já são capazes de empurrar o consumidor para o colo da concorrência. Examente por isso, metade dos supermercadistas ouvidos por SM aponta a insatisfação do consumidor como um dos mais graves reflexos das falhas na execução. Eles sabem que esse é o verdadeiro ponto nevrálgico.
Quase metade da carga horária de um profissional de loja é gasta em atividades irrelevantes para a empresa, conforme estudo da consultoria McKinsey. Essa constatação ajuda a compreender por que a baixa produtividade também figura entre as sequelas de uma operação cheia de falhas, segundo 45% dos varejistas que opinaram na sondagem. Para Alexandre Ribeiro, o problema costuma esbarrar na insatisfação do colaborador com a empresa, em função da falta de clareza sobre o que fazer, como, quando e em quanto tempo. A ausência de ações para motivá-lo e de ferramentas para medir o seu desempenho também contribuem para os erros e a baixa produtividade. Com algumas exceções, o que costuma se ver na operação de checkout, por exemplo, são registros incorretos de hortifrútis, devido à falta de treinamento do colaborador. Há ainda operadores que, para acelerar o atendimento, deixam de registrar item a item, gerando estoque virtual e, portanto, ruptura. A frente de caixa, aliás, é indicada por 31% dos supermercadistas como a área mais afetada pela má qualidade na execução.
Por Viviane Sousa

PASCOA:SUPERMERCADOS APOSTAM EM OVOS MENORES E CHOCOLATES


O Carnaval mal acabou, e os supermercados já estão de olho nas vendas da Páscoa. Nste ano a aposta é no aumento de consumo de ovos de Páscoa menores e mais baratos, com preço até R$ 10.

Espera de um aumento de até 10% na venda de ovos de Páscoa na faixa entre R$ 8 e R$ 10 na comparação com o ano passado. Já nas vendas dos ovos de Páscoa de maneira geral aguardamos um aumento um pouco maior de 2%”, explica o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues.

O supermercado  também tem a expectativa de aumentar suas vendas em até 10% em ovos de Páscoa com o preço máximo de R$ 5. Por isso, investiu em produtos próprios que estão sendo comercializados por R$ 2,48, com 35 g, e R$ 4,48, com 70 g.

Os supermercados já estão com suas lojas abastecidas de ovos de chocolate,
A primeira impressão dos clientes, porém, foi a de que os preços estão altos. “Está muito caro. Um ovo de chocolate com 270 g custar R$ 25 é um absurdo. Não pretendo comprar agora, porque espero que, com a concorrência, os preços caiam”, opina o programador Epaminondas Alves Júnior, 45. A professora Cássia Sueli de Paula Reis, 34, concorda que a primeira impressão não foi animadora. “Vou pesquisar mais antes de comprar, porque esses preços estão muito altos”, afirma Cássia.

Sem crise. A aposta em produtos menores e mais baratos, segundo Adilson Rodrigues, não reflete uma crise na economia. “Não vamos fazer parte da crise. Mesmo com a inflação, continuamos com pleno emprego e a população está se endividando menos. Quando o dinheiro estava indo todo para eletrodomésticos, automóveis, as pessoas chegavam ao supermercado com menos dinheiro no bolso que agora. Por isso, no nosso setor estamos apostando em crescimento em 2015”, diz o superintendente da Amis.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci, admite que o cenário econômico influencia as vendas. “As expectativas em relação ao cenário econômico para este ano vêm trazendo uma série de revisões sobre o comércio varejista em datas comemorativas”, afirma. Falci, porém, também acredita que “um fator que pode contribuir para as vendas durante o ano de 2015 é o baixo índice de desemprego, que fechou 2014 com taxa de 2,9% de acordo com o IBGE”, diz.

Pouco maior
Total. As vendas totais nos supermercados da região metropolitana de Belo Horizonte devem crescer cerca de 3% em função da Páscoa, segundo a Associação Mineira de Supermercados.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

FICA A DICA Para suas vendas "não miarem"

Os alimentos para gatos crescem na casa de 20% ao ano. Saiba como aproveitar essa expansão e ganhar participação em relação à concorrência
Ração para gatos é uma categoria em pleno crescimento. Só nos supermercados, as vendas subiram 26,6%% em valor e 19,9% em volume no ano passado, comparadas a 2012. Os dados são da Nielsen e não chegam a surpreender. Afinal, já são 21,3 milhões de gatos de estimação no Brasil, 8,1% a mais do que em 2011. Apesar de mais numerosa 37,1 milhões , a população de cães domésticos cresceu apenas 4% no mesmo período, segundo a Nestlé Purina dona de cinco marcas, como Cat Chow e Friskies , com base em dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). No setor, já há quem acredite que, em um prazo de dez anos, a quantidade de felinos será equivalente à de cães.
Assim como os cachorros, os gatos ganharam importância na relação afetiva com seus donos. São tratados como membros da família ou amigos. Segundo a Abinpet, há até quem tenha começado a se interessar por eles ao saber que a presença dos gatos em casa traz benefícios à saúde. Como a mídia tem divulgado, pesquisas associam a relação com os pets a efeitos terapêuticos, como redução na incidência de doenças cardiovasculares, diminuição do estresse e melhora na autoestima. Um dos estudos mais recentes foi realizado pela Universidade de Hiroshima e mostrou ganhos até na capacidade de concentração.
Mas, atualmente, os gatos levam vantagem. Como são menores e mais independentes do que outras espécies, tornaram-se a companhia ideal nos centros urbanos. "A verticalização das cidades e o aumento das horas trabalhadas têm favorecido a escolha pelos gatos", destaca José Edson Galvão de França, presidente executivo da Abinpet. Essa tendência de escolher os bichanos – ou cães de pequeno porte – já é muito forte nos Estados Unidos e na Europa. "Eles se adaptam bem aos apartamentos e não precisam passear. Encaixam-se no perfil das famílias modernas, com cada vez menos tempo livre", completa Eduardo Lima, gerente da categoria de alimento para gatos da fabricante Mars.
Dona de marcas como Whiskas, Kitekat e Dreamies, a Mars percebe que os donos estão mais conscientes sobre as necessidades dos gatos, oferecendo alimentos que, além de agradar ao paladar do animal, são nutritivos e ajudam no equilíbrio hídrico do organismo. Com isso, além da ração seca – versão que corresponde a 87% da produção da categoria –, alimentos úmidos e semiúmidos também são adquiridos como petiscos para variar a alimentação. Com cerca de 80% de água na composição, os alimentos úmidos apresentam expressivo aumento na procura. Além de palatáveis, podem ajudar na saúde dos gatos, já que muitos deles bebem pouca água, o que pode ocasionar problemas renais. Ter no sortimento todas as versões contribui para elevar as vendas da categoria. Uma novidade no portfólio da Mars é o Whiskas Jelly, que tem textura semelhante a uma gelatina, novidade no segmento na América Latina.
"Os super e hipermercados também devem reforçar na mente dos consumidores a praticidade, na correria de hoje, de ir a um único ponto de venda", lembra Lima, da Mars. Isso pode ser feito incentivando a compra por impulso desses segmentos menos populares do que as rações secas. "São itens de baixo desembolso e nos quais o consumidor não costuma comparar preços com lojas concorrentes, inclusive de pet shops", analisa Lima. Exposição mais agressiva, com displays e clip strip, pode ajudar
No interior paulista, duas redes têm investido em alimento para gatos. Com sede em Campinas, o Enxuto ampliou o mix de 108 SKUs em 2012 para 122 neste ano. O espaço destinado ao segmento também saltou de 20% para 40%.
como resultado, as vendas em valor cresceram 14,5% em 2013 e já somam alta de 20,5% neste ano, em relação a igual período do ano passado. Com sede em Bauru, a rede Confiança incrementou em cerca de 15% o sortimento para a espécie, incluindo principalmente versões úmidas e semiúmidas. Manter o mix atualizado tem ajudado o supermercado a concorrer com pet shops e casas agropecuárias, canais muito fortes na região.
O Carrefour, cujo portfólio inclui ração de marca própria e acessórios como casinhas e brinquedos, tem investido em campanhas. Neste ano, realizou duas edições da ação "Eu amo meu pet". Clientes que gastaram a partir de R$ 40 em alguns itens do segmento concorreram a um ano de ração grátis para seu bicho de estimação. A cada 100 cupons cadastrados, a rede doou R$ 50 para uma das 11 ONGs escolhidas em parceria com a apresentadora Luisa Mell, conhecida protetora dos animais.
Como presente, o Carrefour ofereceu aos consumidores uma foto customizada do animalzinho de estimação. Além da impressão gratuita, as imagens podiam ser compartilhadas no Facebook ou no Twitter por meio do site oficial da promoção. A empresa não divulga o resultado em vendas, mas é fato que iniciativas assim tornam a marca do supermercado mais presente na relação entre donos e seus bichos de estimação. Daí a ser lembrada nas próximas compras, é um pulo.
» 21,3 milhões é o número de gatos de estimação nas residências do Brasil
» 84,2 reais é o gasto médio mensal com produtos para gatos do segmento standard
Por Fernando Salles
Fonte: Abinpet

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Estratégias do varejo para crescer em 2015


Bater forte no fornecedor. Ampliar promoções. Mais produtos premium. É assim que o varejista pretende enfrentar os desafios de crescimento.
Ao contrário de ‘crises’ do passado, hoje o varejista aposta em itens caros
Para ganhar competitividade neste ano, a estratégia da maioria dos supermercadistas será introduzir novas categorias no sortimento. Foi isso que declararam 55% dos respondentes da sondagem de SM com 170 empresários e diretores do varejo alimentar de todo o País. E, para garantir boa rentabilidade, quase 37% devem optar por produtos e marcas premium. Apenas 11,8% têm a intenção de cadastrar versões baratas a fim de gerar volume. Para Ari Kertesz, sócio da consultoria McKinsey, os produtos de maior valor agregado continuarão tendo espaço, já que a renda ainda sobe, embora em ritmo inferior ao dos últimos anos. “Com a desaceleração da economia, os consumidores param de comprar carros e eletrodomésticos e passam a ter como luxo a compra de bens não duráveis”, afirma. Muitos supermercadistas concordam com essa análise. “Apesar das incertezas, o brasileiro continuará preferindo uma cesta de compras mais ‘qualificada’. Para mantê-la, reduzirá quantidades”, diz Maria Iara Borba, diretora da rede pernambucana Extrabom. A empresa introduzirá no mix deste ano novas versões de vinhos e cervejas importadas
As versões premium de cervejas também estão na mira de uma rede associada à central de negócios Rede Forte. O proprietário, Antonio Boratto, acredita que o público continuará ampliando a compra, sobretudo em ocasiões comemorativas. Ele explica que a rede tem priorizado itens sofisticados, para elevar o tíquete médio e o lucro. A margem é reduzida a fim de oferecer um preço melhor que a concorrência. “Atraímos quem compra e elevamos o volume”, explica Boratto. A rede, com sete lojas, deve neste ano incorporar itens de higiene e beleza de alto valor agregado, até porque o segmento conta com pesados investimentos da indústria na mídia. Já a rede São Vicente vai introduzir mais opções de azeites, conservas e molhos diferenciados. “Até o açougue deverá vender carnes nobres, como a picanha”, diz Marcos Cavicchioli, diretor-presidente. Julio Gomes, diretor de consultoria da Kantar Retail, faz um alerta: é preciso definir corretamente quais itens premium devem ser introduzidos, já que o produto precisa impulsionar a categoria. Seja por contribuir para ampliar a margem, atender necessidades específicas de consumo ou oferecer conveniência. O executivo conta que há produtos complementares tão importantes para determinados consumidores, que eles simplesmente não substituem por outros se não encontrá-los na gôndola. Por isso, a escolha do que será introduzido é crítica para o sucesso das vendas. “Para identificar quais SKUs vale a pena incluir no sortimento, e em que segmentos, é preciso entender como o shopper compra, o que valoriza, os momentos de consumo”, explica Gomes. Essas informações podem vir de pesquisas compartilhadas pelos fornecedores, de relatórios de vendas e de programas de fidelidade – apenas para citar alguns exemplos. Com critério, a determinação do supermercadista de sofisticar o mix pode garantir um ano bem melhor.
Pressão sobre o fornecedor
Varejo promete espremer ainda mais margem da indústria. Valerá a pena?
Este ano poderá ser mais difícil para o relacionamento entre varejo e fornecedor, conforme identificou sondagem de SM com 170 supermercadistas de todo o País. A maioria reconhece a necessidade de melhorar a relação (69,8% dos respondentes) e de desenvolver metas de vendas e campanhas conjuntas com a indústria (71,6%). Mas 61,5% dos entrevistados pretendem recorrer à velha tática de pressionar o fornecedor. Desse percentual, 40,8% esperam preservar as margens e 20,7%, repassar os descontos ao consumidor. “Quando a economia fica difícil, as negociações se tornam ainda mais transacionais do que o normal”, diz Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail. “As empresas abandonam o planejamento comercial para garantir resultados em curto prazo”, acrescenta. A verdade é que sempre que o consumidor reduz a compra, como vem acontecendo em algumas categorias, as negociações pendem a favor dos supermercados. Já quando o período é de grande consumo, as vantagens recaem mais sobre a indústria. Serrentino acredita que a inflação dos alimentos também deve contribuir para acirrar as negociações. Embora esteja postergando, o varejo sabe que o repasse do aumento dos preços terá de ser feito em algum momento. Mas a pressão não partirá apenas do supermercadista. “A indústria também tentará espremer margem do varejo”, afirma Ari Kertesz, sócio da consultoria McKinsey. Segundo ele, não existe benefício numa negociação em que apenas um dos lados abre mão de boas condições para o outro ganhar. Isso dá espaço para a parte prejudicada buscar formas de recuperar a vantagem. Alguns fornecedores, por exemplo, podem dificultar a entrega dos pedidos ou inflar a tabela de preços artificialmente. Segundo Kertesz, na crise de 2003 no País, as indústrias despejaram estoque no atacado a fim de cumprir metas. Já o atacado, para desovar o excesso de volume, queimou os preços, criando grande distorção entre os canais, com prejuízo para todos. A prática, outra velha conhecida, continua perambulando pelo mercado. Da mesma forma, algumas redes, beneficiadas pelo grande volume de compra, ou decididas a comprometer a margem, continuam vendendo abaixo da tabela, o que prejudica os concorrentes e causa atritos com a indústria. Para Kertesz, a forma de garantir rentabilidade é mergulhar na colaboração. Cada lado deve oferecer condições ao outro de atuar com eficiência. “Algumas redes já entenderam isso e tentam sair do círculo vicioso para ser verdadeiramente bem atendidas”, finaliza.
Mais ações promocionais
É chavão, mas verdadeiro: oferta em excesso pode ser um grave tiro no pé
O supermercadista costuma depositar grande confiança nas promoções para atrair clientes. E nos anos de desaceleração do consumo, a estratégia ganha ainda mais força, como mostra a sondagem de SM: 82,6% dos supermercadistas consultados pretendem aumentar os investimentos promocionais neste ano. A tática, contudo, preocupa. Para Ari Kertesz, da McKinsey, se for adotada em excesso, provoca guerra de preços, reduzindo a margem e aumentando o custo, por conta da execução. Ou seja: leva à queda da lucratividade. Pior ainda: o consumidor se acostuma e fica esperando por promoções para fazer suas compras. “A referência de valores muda, pois a dona de casa passa a acreditar que o preço baixo é o preço normal”, esclarece Kertesz. Para evitar esse problema, em vez de realizar ofertas toda semana, o consultor recomenda criar um calendário promocional. Com ações mais espaçadas, é possível realizar um melhor planejamento. Ou seja, definir o preço ideal, para rentabilizar o próprio negócio e garantir bom resultado ao fornecedor. E escolher as melhores formas de divulgação, a fim de elevar o volume. Outro ponto importante é fugir de ações que tragam risco, como reduzir preços apenas para correr atrás da concorrência. Com 17 supermercados e dois cash & carry no interior de São Paulo, a rede São Vicente prefere apostar nas promoções com sorteios de brindes. Com duração de cerca de quatro meses, elas são sempre definidas em parceria com os fornecedores. Segundo Marcos Cavicchioli, diretor- presidente da empresa, não é preciso reduzir muito o preço para alcançar o volume que rentabiliza a ação, pois o atrativo é o prêmio. “Com isso, aumentamos a nossa margem em valor”, afirma. Esse tipo de promoção fortalece a marca do supermercado e ajuda a transmitir imagem de preços competitivos. Já a rede Extrabom, com oito lojas em Recife (PE), tem optado principalmente pelas ações do tipo “leve mais e pague menos”. “Elas aumentam o desembolso do cliente, o que garante alta no faturamento”, diz Maria Iara Borba, diretora comercial da empresa. Os produtos-alvo dessas ofertas são principalmente as bebidas, em função do clima quente da região, além de itens negociados conforme a sazonalidade.
O que mais você pode fazer 
Confira as recomendações de especialistas para você agir com maior competitividade
» Para Ari Kertesz, sócio da consultoria McKinsey, varejo e indústria devem eliminar excesso de estoque, enxugar o sortimento e resolver falhas no abastecimento. O resultado será redução de ruptura, melhor exposição dos produtos e, consequentemente, maiores vendas
» Outra recomendação de Kertesz é promocionar apenas categorias que geram consumo adicional, como sucos e chocolate. As que superestocam o cliente, como as de higiene e limpeza, não valem a pena. A dona de casa não aumenta o uso de creme dental só porque comprou mais
» Julio Gomes, diretor da Kantar Retail, sugere entender melhor o que o cliente quer. Ele cita o exemplo da rede de drogarias Walgreens, dos EUA. Em 2011, ainda sentindo os efeitos da crise econômica, a empresa procurou os fornecedores para reunir informações sobre os hábitos de compras dos americanos. Descobriu, por exemplo, que as consumidoras sentiam-se desanimadas com a situação econômica da família e, por isso, compravam produtos de beleza como compensação. A rede realizou então várias ações, como oferecer serviço de manicure para as clientes que adquiriam esmalte. As vendas no ano subiram 7,1%
» Alberto Serrentino, da consultoria Varese Retail, recomenda ainda observar a concorrência. “Se ela não for agressiva em promoção, não há por que apostar nessa estratégia. O melhor é preservar a margem”, diz.
Fonte: SM

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O ‘sonho grande’ de Abilio no Carrefour


Quem convive com Abilio Diniz sabe que o empresário ignora solenemente os seus 78 anos e trabalha, ama e vive como um homem de 30.
Então, quando Abilio anunciou a compra de 10% do Carrefour Brasil em dezembro passado por R$1,8 bilhão — com opção para chegar a 16% em até cinco anos — ninguém acreditou muito na história de que o filho mais famoso do seu Valentim pretende parar por aí.
Seja para reviver a adrenalina da guerra de nervos que travou com seu antigo sócio e depois desafeto, Jean-Charles Naouri — hoje o comandante solo do Pão de Açúcar/Casino — ou simplesmente para conquistar a relevância global que um homem com seu histórico de varejo merece, Abilio tem seus olhos no ‘grand prix’: uma maior influência no Carrefour global, de acordo com pessoas que gravitam na órbita do planeta Abilio.
Para chegar onde se presume que ele queira, Abilio terá que costurar alianças com desafetos de Naouri (o que é fácil) e administrar uma relação delicada com Georges Plassat, o atual CEO do Carrefour (o que pode não ser tão fácil).
Os dois maiores acionistas do Carrefour hoje são o empresário Bernard Arnault, dono do grupo LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton e homem mais rico da França, e a família Moulin, representada no conselho do Carrefour por Philippe Houzé, dono das Galeries Lafayette. Tanto Arnault quanto os Moulin têm 9% do Carrefour cada.
O terceiro maior acionista é o fundo de private equity americano Colony Capital, cuja participação de 6% no Carrefour pode ser o passaporte de Abilio para o triunvirato que controla o grupo.
O Colony tem um incentivo para vender suas ações: é acionista do Carrefour desde 2007 e ainda está no vermelho. Até o chafariz da Place de la Concorde sabe que Abílio é o comprador natural para suas ações.
Como Abilio já tem cerca de 3% do Carrefour global, a compra da participação do Colony o colocaria em pé de igualdade com Arnault e os Moulin.
Abilio se dá muito bem com Arnault. Os dois costumam jantar em Paris quando Abilio vai à cidade, e Arnault foi um grande incentivador da entrada de Abilio no Carrefour Brasil.
Também se dá bem com Houzé, que brigou com Naouri quando a Galeries Lafayette vendeu sua participação de 50% nos supermercados Monoprix ao Casino, dono dos outros 50%. O motivo da briga: dinheiro.
Mas enquanto não toma o assento entre seus pares como um dos três maiores acionistas do Carrefour, Abilio tem que evitar se indispor com Plassat.
A princípio, isto parece fácil. O CEO do Carrefour e Abilio têm algo em comum: ambos já bateram de frente com Naouri. Nos anos 90, Plassat era o CEO do Casino quando o grupo foi alvo de uma oferta hostil de outro varejista, o Promodès. Plassat se aliou ao Promodès, enquanto Naouri, que já tinha 29% do Casino, lutou contra a oferta e acabou ficando com o controle da empresa.Évidemment, Naouri em seguida demitiu Plassat.
Hoje, Plassat é um CEO de prestígio. Ele pegou um Carrefour na lona, desorientado e humilhado, com a ação a 13 euros, e a catapultou para 30 euros em apenas dois anos.
Mas Plassat sabe que Abilio, um ícone do varejo brasileiro, tem ambições congruentes com sua história empresarial.
“O Plassat hoje é um CEO com um poder enorme,” diz uma fonte que conhece os dois. “Ele não quer que o Abilio cresça muito porque sabe que o Abilio entende de varejo.”
Algumas pessoas acham que Abilio já deixou para trás a briga que teve com Naouri quando os dois bateram boca em público por causa do plano de fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour Brasil, que Naouri chamou de “expropriação” dos direitos do Casino. Em entrevistas, Abilio já disse que “passado é passado,” mas às vezes ele deixa escapar que talvez não seja bem assim.
Numa conversa privada em dezembro, quando Plassat veio ao Brasil anunciar o acordo com Abilio, um interlocutor perguntou a Abilio se seu ‘casamento’ com o Carrefour era movido por algum sentimento de revanche contra Naouri.
A resposta foi esquisita: “Eu nunca deixo as coisas pela metade.” Ao ouvir isso, Plassat, que estava ao lado, interveio: “Veja, ninguém aqui está fazendo nada emocional.”
Na Península, a empresa que montou para administrar seu patrimônio, Abilio tem cinco ex-executivos do Grupo Pão de Açúcar prontos para botar a mão na massa, onde o chefe mandar. São executivos experientes e caros, que poderiam se colocar em qualquer grande empresa, mas decidiram estar com Abílio. “Manter todo esse talento lá só faz sentido se ele tiver uma ambição grande, que não deve ser do tamanho do Carrefour Brasil só,” diz um banqueiro que conhece bem Abilio.
Na semana passada, dois destes executivos viraram diretores do Carrefour no Brasil. Como Abilio não tem, por contrato, o poder de nomear executivos, as duas contratações são um sinal claro de que sua influência vai transcender o que está escrito.
Se não conseguir comprar as ações do Carrefour que pertencem ao Colony, Abilio ainda pode fazer outro movimento no xadrez do varejo: comprar as operações da rede DIA no Brasil. O DIA fatura cerca de 5 bilhões de reais no Brasil, o suficiente para colocar o Carrefour Brasil na liderança do varejo alimentar. (Hoje, a diferença de faturamento entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour Brasil é de apenas 4 bilhões de reais.)
Em público, Abilio costuma dizer que tamanho é apenas consequência, e que o importante é ter a “melhor” empresa, não a maior.
Pode ser. Mas a lógica de comprar o DIA vai além da simples liderança. Com o DIA na mão, Abilio poderia propor uma fusão da rede com o Carrefour Brasil, negociando para aumentar sua participação além do que o contrato atual prevê.
Seria uma jogada de mestre para o homem que sabe, melhor do que ninguém, que o sucesso no varejo é como a vida: uma maratona, e não um sprint.
Por Geraldo Samo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Inventário rotativo: o que é e para que serve?

By  | 8 de janeiro de 2014


Entender o estoque de uma empresa é fundamental para diminuir custos e aumentar a lucratividade. Atualmente, os estoques representam entre 25% e 40% do dos custos totais das empresas, destacando-se como setores essenciais de um negócio. De fato, não há como negar a importância de se dar atenção a esta área da organização.
Já ouviu falar no termo “Inventário Rotativo”? Neste post, vamos explorar um pouco mais sobre o conceito. Confira!

O que é Inventário Rotativo?

Inventário Rotativo ou Inventário Físico é um processo de recontagem física e contínua de todo o estoque. Este processo exige que o estoque seja contado em uma frequência pré-determinada (diária, semanal, mensal), sendo assim organizada em períodos cíclicos que acontecerão de acordo com a demanda de cada negócio.

Para que serve o Inventário Rotativo?

O Inventário Rotativo tem um objetivo simples: aumentar a precisão dos estoques. Quando se realiza uma recontagem programada e cíclica, fica mais fácil comparar as saídas do estoque contábil com o estoque físico. Desta forma, o inventário (que para muitas companhias é um motivo de preocupação) torna-se mais um aliado na contabilidade da empresa.
Além disso, o processo de Inventário Rotativo consegue identificar e resolver, de forma sistemática e eficaz, problemas como avarias nos itens estocados, produtos impróprios para conservação e danificações. As empresas, assim, diminuem o volume de produtos a serem descartados e também conseguem prever com maior precisão se a quantidade de matéria-prima disponível atende às necessidades produtivas.
O Inventário Rotativo permite ainda que os artigos do estoque sejam contados de forma independente: neste sentido, itens que possuem maior rotatividade são contados em um intervalo de tempo menor, enquanto aqueles que possuem menor rotatividade passam pelo processo de contagem em intervalos maiores.

Como funciona o Inventário Rotativo na prática e quais as suas vantagens?

Em um Inventário Rotativo, uma pequena porção do estoque é escolhida para ser contada periodicamente. Esta seleção pode ser randômica ou semi-randômica, e à medida em que os erros são encontrados, eles vão sendo corrigidos. O Inventário Rotativo remove erros do sistema assim como um inventário anual, mas apresenta algumas vantagens importantes:
  • Ao aplicar este sistema, é possível ter uma precisão maior do estoque, já que os erros são removidos mais rapidamente do que são introduzidos;
  • O Inventário Rotativo custa menos para a empresa, já que é feito de maneira rotineira do trabalho e da operação;
  • Como não é necessário parar todo o estoque, apenas uma seção, os resultados são obtidos de forma rápida.

Onde o Inventário Rotativo pode dar errado?

O processo de Inventário Rotativo nem sempre é perfeito. Alguma coisa pode sair errada, gerando custos e esforços desnecessários. Desta maneira, torna-se importante estar atento para evitar alguns pontos que podem comprometer o resultado ideal:

Treinamento inadequado

Os profissionais responsáveis por realizar este trabalho devem estar bem treinados, preparados para operar o sistema e conhecer todos passos a serem realizados.

Ignorar a prevenção de erros

Como prevenir erros é melhor que corrigí-los, é muito importante que um programa de prevenção esteja alinhado aos resultados do inventário.

Equipe insuficiente

Subestimar o esforço dispendido pela sua equipe para realizar esta tarefa pode gerar pressa na contagem, o que reflete em erros desnecessários.
O maior desafio das empresas de varejo e bens de consumo em geral é atingir um patamar de qualidade no controle de seu estoque.  Por isso, é tão importante o entendimento e a aplicação de processos de controle e manutenção do inventário. E você, gostou das informações? Já aplicava o método do Inventário Rotativo na sua empresa? Compartilhe suas opiniões e experiências conosco nos comentários!