sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Vendas devem crescer 7%
Por Viviane Sousa
Não tem aumento de inflação ou crise internacional que ameace o Natal. O consumo será positivo para o autosserviço, principalmente considerando a base de comparação alta de 2010, quando o cenário macroeconômico era mais favorável. Aproveite!
O atual ciclo de aperto monetário, que restringe o crédito e aumenta as taxas de juros à pessoa física, deve seguir até o fim do ano. Apesar de essa medida – adotada pelo governo federal para controlar a inflação – ter provocado uma desaceleração no volume de vendas ao longo de 2011, as estimativas são de um Natal positivo. O crescimento, no entanto, não será como o de 2010, avaliado por muitos supermercadistas como um dos melhores Natais dos últimos anos.
A Tendências Consultoria aponta uma evolução de 6,7% no volume de vendas de alimentos e bebidas. Já o comércio varejista deve apresentar um desempenho ainda melhor, com alta de 7,5% nas vendas. "Mais uma vez, o que irá motivar o consumidor a gastar mais é o aumento da renda", explica Alexandre Andrade, analista da Tendências Consultoria.
No acumulado de 12 meses até julho deste ano, por exemplo, a massa salarial do brasileiro cresceu 8% em termos reais. Só em maio, os trabalhadores embolsaram R$ 36 bilhões. Esse montante tende a ser ainda maior até o fim do ano, quando o número de empregos formais poderá bater o recorde de três milhões de vagas, conforme expectativa do Ministério do Trabalho. Até julho, 1,59 milhão de vagas já haviam sido abertas.
O que também elevará o poder aquisitivo do consumidor no Natal é o 13º salário. A parte que será paga aos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) até dezembro injetará mais de R$ 23 bilhões na economia, conforme projeção da Tendências. Esse valor pode chegar a R$ 150 bilhões com a parte do benefício que é destinada aos trabalhadores com carteira assinada. No ano passado, foram mais de R$ 102 bilhões, de acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos).
RISCO DE CRISE
afetar o consumo é pequeno
Outra boa notícia é que o aumento da renda e a queda no desemprego também vão ajudar o Brasil a enfrentar a crise internacional, que afeta a economia dos Estados Unidos e parte da Europa. "Isso significa que as vendas de fim de ano não serão prejudicadas por um colapso financeiro", avalia José Góes, analista da consultoria Win Trade.
O aumento das reservas internacionais, que já somam US$ 350 bilhões, está na lista de recursos de que o País poderá lançar mão para manter a economia interna aquecida. Outra medida, já adotada pelo governo federal, é o programa Brasil Maior, que oferece incentivos, como a desoneração da folha de pagamento, para setores da economia com mão de obra intensiva. Segundo Góes, se a situação ficar muito feia, o governo também poderá pôr um fim ao ciclo de aperto monetário, até porque essa medida não tem surtido muito efeito sobre a inflação, que continua em patamares altos. Com isso, as taxas de juros ao consumidor, que em julho passaram de 46%, poderão cair, e o crédito subir.
Alexandre Tombini, presidente do BC (Banco Central), até já anunciou que, caso necessário, bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, contam com capital suficiente para elevar o crédito à pessoa física e, assim, estimular o consumo.
Se, apesar disso a economia nacional for afetada, o varejo alimentar deverá ser o menos prejudicado. Afinal, segundo Góes, a compra de alimentos e bebidas não requer crédito. "O setor que poderá amargar alguma retração é o de bens duráveis, porque, com medo do desemprego, as pessoas deverão evitar dívidas grandes e longas", destaca.
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