Grandes redes do setor aceleram abertura de lojas de proximidade, acirrando a concorrência com os supermercados regionais. Mas as empresas locais já têm estratégias para enfrentar a nova situação
Os formatos de proximidade ganharam novo fôlego no último ano com o avanço das grandes redes do setor no segmento. As lojinhas localizadas dentro dos bairros estão na prioridade dos planos de expansão dessas empresas, que incluirão Estados do Sudeste, devido à sua grande participação no consumo do País. Recentemente, Renato Giarola, diretor executivo do GPA, declarou que a companhia avalia a abertura de minimercados Extra e Minuto Pão de Açúcar no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Outros varejistas importantes, como Carrefour e Dia%, também estão investindo fortemente em unidades menores. O interesse delas por esse mercado se justifica. Pesquisa da Kantar Worldpanel aponta que, entre maio de 2013 e maio de 2014, os supermercados de vizinhança e lojas de conveniência cresceram 27,7% em valor, enquanto as grandes redes cresceram 22% no mesmo período.
Entre as apostas do GPA , estão os minimercados Extra e Minuto Pão de Açúcar. O primeiro conta com sortimento enxuto e preço mais agressivo, enquanto o segundo procura atender a crescente demanda das classes A e B por um mix premium em um ambiente de praticidade, conveniência e compra rápida. Ambos têm até 400 m2 de área de vendas, em média. Segundo a companhia, o formato de proximidade é o que terá maior número de aberturas. Serão 300 unidades entre 2014 e 2016 considerando as duas marcas. A empresa afirma que a velocidade e a quantidade de inaugurações desse modelo estão em linha com a demanda dos clientes. Já o Carrefour Express oferece praticidade e conveniência e possui quatro unidades, todas em São Paulo. O Dia% Market, por sua vez, continua com a estratégia de descontos característica da rede.
Foco da expansão dos gigantes
O Minuto Pão de Açúcar é uma opção mais premium, enquanto o Carrefour Express foca conveniência
O Minuto Pão de Açúcar é uma opção mais premium, enquanto o Carrefour Express foca conveniência
O apetite das grandes empresas acirr a a competição com supermercados regionais. Mas, segundo Patrícia Cotti, diretora do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo), as empresas que entendem bem esse formato sobreviverão. Ela lembra que os varejistas locais conhecem as preferências do consumidor da região e que suas marcas estão na mente dele quando pensa em uma compra rápida.
Muitos supermercadistas veem na maior competição uma oportunidade. “A entrada de grandes redes em um segmento tradicionalmente ligado às pequenas empresas e grupos regionais só eleva o nível do jogo. Quem sai ganhando é o cliente”, afirma Pietrângelo Leta, diretor comercial da rede carioca Zona Sul, com 33 lojas. “Nossa estratégia sempre foi a do supermercado de vizinhança. Fazemos bem nosso trabalho. Conhecemos nosso consumidor e suas demandas”, diz ele.
Hamilton Almeida, gerente de vendas da rede mineira Super Nosso, acrescenta que as redes regionais são descentralizadas e, portanto, tomam decisões mais ágeis. “Ganhamos tempo na execução, combatendo oferta, criando mecânicas rápidas de vendas, entre outras estratégias”, comenta. Segundo ele, as redes do Estado construíram uma estrutura logística que permite abastecer mais rapidamente suas lojas, enquanto as nacionais precisam ajustar- se à realidade local de cada município.
Proposta diferenciada
A mineira Super Nosso aposta em um mix sofisticado e ambiente agradável para fidelizar clientes
Ele também ressalta a importância de obter maior eficiência operacional, combatendo, por exemplo, a falta de produtos. A isso somam-se medidas como melhor atendimento, qualidade dos produtos, variedade no sortimento e ambiente agradável para realizar compras. “Temos que adotar ações de fidelização do consumidor, para conseguir retê-lo. Mas a chegada de novos entrantes, embora preocupe pelo ‘sobrenome’ que carregam, é saudável porque nos torna ainda mais determinados na busca de melhorias”, diz o gerente de vendas da rede mineira.
A maior dificuldade do varejo regional em relação às pequenas lojas dos gigantes é o preço associado à escala de negociação. Unir-se a centrais de compras tem sido a alternativa de algumas empresas locais, como a Zona Sul. A varejista faz parte da Rede Brasil, que reúne 17 supermercados de todo o País e que realiza compras conjuntas de insumos e de produtos para venda ao consumidor, além de promover troca de experiências. “Assim, conseguimos melhorar a competitividade com os gigantes nacionais, que seguramente trarão para o modelo de vizinhança seu poder de compra. Entretanto, ao menos no Zona Sul, o motivo que nos fez ter tanto sucesso é que focamos sempre o cliente”, avalia Leta.
Patrícia Cotti, do Ibevar, concorda que as empresas regionais têm que apostar na entrega de valores. “Experiência de compra, relacionamento, proximidade, facilidade de acesso são sempre exemplos. O segredo está em equilibrar essa balança oferecendo benefícios que não tenham custo alto”, diz ela. Ou seja, o cliente deve estar sempre no centro das decisões.
Por Patrícia Roque -
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