quarta-feira, 29 de abril de 2015

QUANDO OPERAR COM ESTOQUE ALTO


Embora o ideal para os supermercados seja ter estoque alinhado com as vendas, algumas situações podem tolerar um nível acima do razoável. Veja o que deve ser analisado
Operar com níveis de estoque ajustados à demanda é o que toda rede deve perseguir. Mas há situações em que um nível maior pode ser aceitável. O grande desafio é saber exatamente quando assumir o risco de elevar o estoque e como calcular se o custo da mercadoria parada compensa financeiramente.
Segundo Frederico Perdigão, consultor-sócio do Instituto Aquila, o estoque alto se justifica quando o custo da estocagem é menor do que as vantagens obtidas na negociação com o fornecedor. “Nesse caso, é preciso calcular o valor dos benefícios adquiridos com o aumento dos prazos de pagamento, descontos e acordos comerciais concedidos devido ao aumento do volume de compra”, afirma o especialista. Por exemplo: se a rede, ao comprar maior volume, consegue dez dias de prazo de pagamento além do normal, ela deve avaliar se o ganho ao destinar o dinheiro à aplicações financeiras será maior do que o custo do capital parado. O cálculo deve ser feito sempre em valores atualizados. “Os compradores precisam ser treinados para compreender a situação e realizar uma simulação financeira antes de tomar a decisão de estocar além da demanda”, diz Perdigão. “No entanto, na maioria das empresas a rotina do setor de compras consome todo o tempo dos gestores e, como consequência, os compradores acabam não recebendo um treinamento adequado”, completa.
Outra análise que deve ser feita pelo supermercadista é o das perdas que podem ocorrer durante o período em que a mercadoria ficar estocada. Sérgio D'Ávila, diretor de varejo e consumo da PwC Brasil, explica que podem haver quebras por vencimento de data, manuseio ou furtos, entre outras situações. Se o produto tem baixo giro é outro complicador. Será que vale a pena estocá-lo em excesso? “Em um cliente, um tipo de desodorante ficou quatro meses em gôndola, sem girar. Isso é ruim, e se agrava com o tempo, porque o produto começa a perder suas características e a ter as embalagens danificadas, dificultando ainda mais o giro”, afirma o executivo.
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Trabalhar com estoques altos também pode se justificar em categorias nas quais o consumidor migra de loja quando não encontra o produto na prateleira. D'Ávila explica que, nesses casos, a prática evita ruptura e perda de vendas. Em contrapartida, ele lembra que há uma série de outros produtos em que o cliente simplesmente troca de marca, o que pode não ser prejudicial ao varejo. O diretor da PwC ressalta que o ideal é o supermercadista realizar uma pesquisa ou implementar um bom gerenciamento por categorias para conhecer aquelas nas quais ocorre migração para outros estabelecimentos. Assim, ele será mais assertivo na hora de definir o aumento do estoque.
Outro ponto: alguns tipos de loja comportam níveis maiores de estoque. Lojas grandes, por exemplo, destinam mais espaço à exposição e precisam de maior estocagem para compor as gôndolas. Uma rede com filiais dispersas geograficamente e distantes dos centros de distribuição também pode ter algum armazenamento extra para evitar rupturas.
Se, após fazer todas as contas e analisar todas as situações, o aumento do estoque se justificar, convém ainda ao varejista realizar um último questionamento: os estoques altos estão escondendo alguma ineficiência? Caso afirmativo, vale a pena rastrear onde elas estão e quais são suas causas. Uma vez solucionadas, é bem provável que o supermercadista consiga passar a operar com níveis mais adequados, o que é muito bom para a rentabilidade do negócio.
Por Alessandra Morita -

domingo, 19 de abril de 2015

Alta rotatividade...

Sintoma de seleção mal feita!
O alto índice de rotatividade no setor supermercadista não deve ser atribuído ao baixo nível de profissionalismo das pessoas, não deve ser atribuído à inexperiência e tão pouco à falta de vontade e de comprometimento desses colaboradores. Vou direto ao assunto: Estamos demitindo gente que não deveria ter sido contratada! Isso mesmo! Estamos perdendo tempo solucionando problemas que nós mesmos estamos criando.
Em minhas consultorias em RH pelos supermercados do estado, me deparo o tempo todo com as dificuldades de recrutamento e seleção. Enquanto não implantarmos um departamento de recursos humanos com caráter estratégico em nossas empresas, os processos não acontecerão de forma padronizada, e como sabemos qualquer setor sem processo definido está fadado ao fracasso.
Percebo que a grande maioria dos supermercados inicia um processo de seleção quando estão necessitando de preencher a vaga. Veja bem, enquanto você estiver selecionando pela necessidade e sob pressão, as chances de contratar errado aumentam e muito. O processo correto de seleção inicia-se pela rotina de entrevistas que devem ser feitas semanalmente dentro de sua empresa. Crie um banco de candidatos aprovados para cada cargo existente em sua loja. Profissionalize suas contratações, estabelecendo uma descrição e análise de cargos, ou seja, sabemos que cada função exige um tipo psicológico diferente para ser exercida, e isso deve ser levado em consideração no momento da contratação.
As pessoas produzem mais onde elas se sentem felizes. Disponibilize um ambiente agradável, digno aos seus colaboradores. Contratar certo exige tempo, consulte fontes pessoais, últimos empregos, consulte a escola, a faculdade. Enfim, você está contratando uma pessoa para jogar no seu time, então saiba tudo sobre ela. Certifique-se de que os sonhos dessa pessoa (principalmente a curto e médio prazo) estão alinhados com a missão da empresa. Proporcione um trabalho que faça sentido na vida desse candidato. Dessa forma a retenção de talentos será mais eficaz.
André Tomé

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Gigantes mais perto do bairro

Grandes redes do setor aceleram abertura de lojas de proximidade, acirrando a concorrência com os supermercados regionais. Mas as empresas locais já têm estratégias para enfrentar a nova situação
Os formatos de proximidade ganharam novo fôlego no último ano com o avanço das grandes redes do setor no segmento. As lojinhas localizadas dentro dos bairros estão na prioridade dos planos de expansão dessas empresas, que incluirão Estados do Sudeste, devido à sua grande participação no consumo do País. Recentemente, Renato Giarola, diretor executivo do GPA, declarou que a companhia avalia a abertura de minimercados Extra e Minuto Pão de Açúcar no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Outros varejistas importantes, como Carrefour e Dia%, também estão investindo fortemente em unidades menores. O interesse delas por esse mercado se justifica. Pesquisa da Kantar Worldpanel aponta que, entre maio de 2013 e maio de 2014, os supermercados de vizinhança e lojas de conveniência cresceram 27,7% em valor, enquanto as grandes redes cresceram 22% no mesmo período.
Entre as apostas do GPA , estão os minimercados Extra e Minuto Pão de Açúcar. O primeiro conta com sortimento enxuto e preço mais agressivo, enquanto o segundo procura atender a crescente demanda das classes A e B por um mix premium em um ambiente de praticidade, conveniência e compra rápida. Ambos têm até 400 m2 de área de vendas, em média. Segundo a companhia, o formato de proximidade é o que terá maior número de aberturas. Serão 300 unidades entre 2014 e 2016 considerando as duas marcas. A empresa afirma que a velocidade e a quantidade de inaugurações desse modelo estão em linha com a demanda dos clientes. Já o Carrefour Express oferece praticidade e conveniência e possui quatro unidades, todas em São Paulo. O Dia% Market, por sua vez, continua com a estratégia de descontos característica da rede.
Foco da expansão dos gigantes
O Minuto Pão de Açúcar é uma opção mais premium, enquanto o Carrefour Express foca conveniência
O apetite das grandes empresas acirr a a competição com supermercados regionais. Mas, segundo Patrícia Cotti, diretora do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo), as empresas que entendem bem esse formato sobreviverão. Ela lembra que os varejistas locais conhecem as preferências do consumidor da região e que suas marcas estão na mente dele quando pensa em uma compra rápida.
Muitos supermercadistas veem na maior competição uma oportunidade. “A entrada de grandes redes em um segmento tradicionalmente ligado às pequenas empresas e grupos regionais só eleva o nível do jogo. Quem sai ganhando é o cliente”, afirma Pietrângelo Leta, diretor comercial da rede carioca Zona Sul, com 33 lojas. “Nossa estratégia sempre foi a do supermercado de vizinhança. Fazemos bem nosso trabalho. Conhecemos nosso consumidor e suas demandas”, diz ele.
Hamilton Almeida, gerente de vendas da rede mineira Super Nosso, acrescenta que as redes regionais são descentralizadas e, portanto, tomam decisões mais ágeis. “Ganhamos tempo na execução, combatendo oferta, criando mecânicas rápidas de vendas, entre outras estratégias”, comenta. Segundo ele, as redes do Estado construíram uma estrutura logística que permite abastecer mais rapidamente suas lojas, enquanto as nacionais precisam ajustar- se à realidade local de cada município.

Proposta diferenciada
A mineira Super Nosso aposta em um mix sofisticado e ambiente agradável para fidelizar clientes

Ele também ressalta a importância de obter maior eficiência operacional, combatendo, por exemplo, a falta de produtos. A isso somam-se medidas como melhor atendimento, qualidade dos produtos, variedade no sortimento e ambiente agradável para realizar compras. “Temos que adotar ações de fidelização do consumidor, para conseguir retê-lo. Mas a chegada de novos entrantes, embora preocupe pelo ‘sobrenome’ que carregam, é saudável porque nos torna ainda mais determinados na busca de melhorias”, diz o gerente de vendas da rede mineira.
A maior dificuldade do varejo regional em relação às pequenas lojas dos gigantes é o preço associado à escala de negociação. Unir-se a centrais de compras tem sido a alternativa de algumas empresas locais, como a Zona Sul. A varejista faz parte da Rede Brasil, que reúne 17 supermercados de todo o País e que realiza compras conjuntas de insumos e de produtos para venda ao consumidor, além de promover troca de experiências. “Assim, conseguimos melhorar a competitividade com os gigantes nacionais, que seguramente trarão para o modelo de vizinhança seu poder de compra. Entretanto, ao menos no Zona Sul, o motivo que nos fez ter tanto sucesso é que focamos sempre o cliente”, avalia Leta.

Patrícia Cotti, do Ibevar, concorda que as empresas regionais têm que apostar na entrega de valores. “Experiência de compra, relacionamento, proximidade, facilidade de acesso são sempre exemplos. O segredo está em equilibrar essa balança oferecendo benefícios que não tenham custo alto”, diz ela. Ou seja, o cliente deve estar sempre no centro das decisões.
Por Patrícia Roque -

sábado, 11 de abril de 2015

Consumidores mudam hábitos de compra para contornar crise

Pesquisa de preço e troca de produtos são as principais alternativas para a Classe C continuar comprando diante da inflação em alta e da retração da economia
Equilibrar o orçamento doméstico tornou-se o grande desafio da Classe C. A recessão econômica, o aumento do dólar (que impacta diversos produtos e serviços), o reajuste dos preços no mercado e também das contas básicas, como luz e água, minguou o bolso do consumidor. Com o poder de compra reduzido, o brasileiro percebeu que é preciso criar mecanismos para continuar adquirindo os produtos de que precisa. Entre as principais ações estão a pesquisa de preço e a escolha por produtos menos conhecidos e mais baratos.
Para tentar manter a cesta de compra, o consumidor também está alterando a rotina para garantir os produtos com preços mais baixos. Nos últimos cinco anos, aumentou o número de consumidores que vão aos supermercados durante a semana. Se em 2009 33% da população visitava os estabelecimentos entre segunda e quarta-feira, em 2014 essa marca chegou a 37%, segundo levantamento da Kantar Worldpanel. Além da falta de tempo, esse movimento também pode ser explicado por conta das promoções que são oferecidas no início da semana.
Em um cenário de aumento de inflação com reflexo nos preços dos produtos, o brasileiro, principalmente das classes mais baixas, está fazendo malabarismos para manter suas conquistas. “Eles estão otimizando suas idas ao PDV, ou seja, indo com menor frequência e comprando um volume maior para evitar novas compras e consequentemente novos gastos. Além disso, optam por fazer compras no início do mês e também no início da semana, pois é quando acontecem as promoções de produtos nas grandes redes. Tudo isso para fazer com que as categorias, já incorporadas no seu dia a dia, permaneçam presentes mesmos em períodos de grande incerteza”, esclarece Carolina Andrade, Executiva de Marketing da Kantar Worldpanel, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Driblando as dificuldades
Na última década, mais de 30 milhões de brasileiros ascenderam à Classe Média. O ciclo de crescimento econômico no país, nesse período, e as políticas de redução da pobreza fizeram com que muitas pessoas aumentassem o consumo e tivessem acesso a bens e produtos que antes faziam parte apenas do sonho. Após o período de boas oportunidades, esse consumidor não está disposto a reduzir suas compras e sim adaptá-las à nova realidade. “Para a Classe C, a crise não é exceção, é regra. Este público cresceu na dificuldade, tendo que se virar. É por isso que ele enxerga oportunidades para não ter que dar um passo atrás no consumo”, explica Renato Meireles, Presidente do Instituto Data Popular, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Para fugir da alta dos preços, a Classe Média tem adotado várias medidas como forma de reduzir os gastos no supermercado. “A Classe C está sentindo a crise na prática e, para tentar driblar a dificuldade, estes consumidores estão fazendo mais pesquisa de preço, economizando nas contas de luz, fazendo downgrade de marcas e buscando outras ocupações. Nossa pesquisa mostra que 42% dos trabalhadores da Classe C estão trabalhando em outras atividades para conseguir uma grana extra. Muitos estão vendando trufas ou outras coisas aos fins de semana”, comenta Renato Meireles.
O estudo Classe C do Data Popular também mostra que, entre 2010 e 2014, mais que dobrou o percentual de pessoas que recorreram a empréstimos. Em 2010, eram 9%. Já no ano passado, o percentual havia subido para 19%. Houve aumento também no número de pessoas que compraram produtos e deixaram para pagar depois. Em 2014, 31% adquiriram itens fiado, contra 27% em 2010. Na hora do aperto, mais pessoas da Classe C passaram a recorrer a amigos e parentes para conseguir saldar dívidas e efetuar as compras. Em 2014, 26% disseram que algum parente ou amigo pediu o cartão de crédito emprestado ou o nome como garantia para compra. Em 2010, eram 12%.
Ano desafiador para o mercado
O impacto econômico sentido na classe média brasileira também está afetando empresas de todos os tamanhos e setores. A atividade varejista registrou o menor crescimento do primeiro trimestre em comparação aos últimos 12 anos, apenas 0,6%, segundo dados do Serasa Experian. O cenário instável é um prenúncio de que este será um período de menor crescimento. A experiência da Páscoa funcionou como um termômetro em relação a como o consumidor se comportará neste ano. A data, que é a segunda melhor para os supermercadistas, faz o alerta se acender: as vendas tiveram queda de 0,3%.
No geral, a frequência dos consumidores no varejo de alimentos e produtos de limpeza e higiene caiu 9,5% em 2014, segundo a Kantar Worldpanel. Em Minas Gerais, o Supermercado Santo Antônio, em Nova Lima (cidade da região metropolitana de Belo Horizonte), começou a sentir os efeitos da crise a partir de abril do ano passado. Desde então, a empresa familiar fundada em 1991 não conseguiu mais recuperar o faturamento, que sofreu queda de 20%. Para tentar manter as contas no azul, a empresa teve que fazer ajustes, como demitir funcionários, reduzir custos fixos como luz (evitando desperdícios e aproveitando a claridade natural), telefone e eliminando o estoque.
Depois de passar por diversas crises econômicas no país, mudança de moeda e períodos de instabilidade, pela primeira vez os gestores do supermercado perceberam uma mudança de comportamento entre seus clientes. Se antes eles procuravam por marca, agora é o preço que define a compra. “Em determinadas situações, tentamos introduzir alguns produtos entre nossos clientes, mas sentimos dificuldades para escoá-los. Agora vemos um novo fenômeno ditando o consumo: o preço”, explica Larissa Schepers, Administradora do Supermercado Santo Antônio, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Diante deste cenário de dificuldade, a previsão para 2015 é que a empresa tenha a mesma performance registrada no ano passado. Apesar da cuidadosa projeção, a empresa ainda não conseguiu bater a meta nos três primeiros meses. O corte de custos que começou ainda em 2014 está ajudando a varejista a não entrar no vermelho. “Esta é uma fase de turbulência e estamos trabalhando para manter o nosso negócio e passar por esta crise sem prejuízo. Ao longo de nossa trajetória, passamos por tantos desafios que sabemos que esta será só mais uma crise e que será passageira, mas é preciso ter muita cautela para atravessá-la sem maiores problemas”, acrescenta Larissa Schepers.
Por Roberta Moraes, do Mundo do Marketing |

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Falhas na loja principais erros e soluções


Quem nunca enfrentou problemas na execução de produtos que atire a primeira pedra. O dono protesta, o diretor comercial e a indústria também. O consumidor fica insatisfeito e os prejuízos se acumulam.Veja o que mostra uma sondagem de SM e o que pode ser feito para resolver o problema
Execução correta do sortimento. Esse é o nome do jogo para quem quer ganhar vendas e rentabilidade. Não é de hoje que o varejista reconhece problemas no chão da loja para conduzir estratégias e pla- 01 02 nos envolvendo produtos. O que muitos ainda desconhecem é o tamanho do buraco. Sondagem de SM com 212 donos, diretores e gerentes de lojas mostra que falhas na execução geram ruptura, quebras, insatisfação do consumidor, baixa produtividade e, portanto, alta nos custos e perdas no faturamento e lucro.
Quase metade dos participantes da sondagem revelou não contar com processos bem definidos, líderes competentes e funcionários engajados. E a maioria aponta o setor de perecíveis como mais crítico (envolve as seções de padaria, açougue, hortifrútis, frios), além do processo de reposição como o mais alarmante. Em ano de economia fraca – como tende a ser 2015, conforme avaliação de muitos economistas –, garantir a eficiência operacional é ainda mais importante. Quem chama a atenção para o fato é Alexandre Ribeiro, diretor da R-Dias, assessoria para o varejo. "Não é novidade que altos índices de inflação e medo de desemprego fazem o consumidor reduzir suas compras. Resta ao varejista ganhar mais com menos", ressalta. O caminho está no controle dos gastos e na busca de maior produtividade. Isso se conquista com processos, pessoas, indicadores e, de preferência, remuneração variável com base em metas individuais. Segundo Alexandre Ribeiro, o efeito pode surpreender. "Há redes que apresentam índices de quebra e ruptura tão acima da média do setor, que, ao agir para reverter a situação, conseguem gerar valor equivalente ao da abertura de uma nova loja", afirma. Nas páginas seguintes, veja todos os resultados da sondagem de SM e soluções que vão ajudar a gerenciar melhor os produtos em sua loja. Não há sucesso sem um sortimento capaz de mobilizar a clientela. Mas atenção: é preciso coragem para abandonar certezas, eliminar práticas arcaicas, adotar novas fórmulas e desejar bem mais resultados do que já são obtidos.
Principais prejuizos
Ainda que o mix das lojas fosse exato; as negociações, excelentes; e a entrega de pedidos, impecável, nada funcionaria se loja e retaguarda falhassem. Imagine, então, o impacto nos resultados das fissuras na execução rotineira diante das conhecidas imperfeições de toda a cadeia. O próprio varejista aponta, em sondagem de SM, as mais graves consequências. Confira

A falta de produtos nas gôndolas é o saldo mais grave da execução ineficaz nas lojas, segundo os próprios supermercadistas. Foi apontada por 71% dos entrevistados. Para Alexandre Ribeiro, diretor da R-Dias, isso é grave. "Afinal a ruptura costuma ser responsável por altos índices de perda de vendas e lucro, o que afeta a saúde do negócio", alerta. A reposição precária, por sua vez, é a maior causa da ruptura. Tanto que 58% dos respondentes admitem falhas nessa atividade. Entre os maus exemplos estão falta de controle sobre o abastecimento das gôndolas – os depósitos das lojas são desorganizados e mal sinalizados (os produtos estragam, quebram, "se escondem"), há desrespeito à indicação de espaço para cada SKU em prateleira, os buracos na exposição são preenchidos levando à frente itens que já estavam na gôndola. "E nem sempre promotores da indústria são garantia de melhor abastecimento", observa Newton Júnior, do Instituto Aquila. Ou seja, faltam processos, disciplina, monitoramento.
Mais de 30% das perdas do setor supermercadista têm nas quebras sua maior causa. Não é por acaso que 60% dos respondentes da sondagem SM apontam o problema como uma das implicações negativas de uma operação precária. Newton Júnior, do Instituto Aquila, lembra que os setores de hortifrútis, padaria, açougue, peixaria, congelados e resfriados apresentam os mais altos índices, não apenas por terem validade curta, mas por exigirem maior qualificação de quem atua nas áreas. Isso explica por que 65% dos participantes do estudo indicaram justamente os perecíveis como os mais afetados pela má qualidade da execução. Alexandre Ribeiro relaciona os erros mais cometidos: ignorar a temperatura indicada pelo fabricante no recebimento, armazenagem e exposição dos produtos, processar e expor mais alimentos do que o necessário, deixar de fazer a limpeza em balcões e expositores refrigerados, para evitar contaminação, rejeitar o sistema PVPS (primeiro que vence é primeiro que sai) no estoque e nas gôndolas.
65% dos varejistas indicam os perecíveis como os mais afetados por falhas na loja
Se faltam mercadorias, se o produto está estragado ou com má apresentação é difícil manter uma boa imagem. Se o pãozinho não é gostoso, os cortes de carne e frios são inadequados e a exposição parece confusa, a tragédia se anuncia. Acrescente ao caldeirão de calamidades vitrines de perecíveis sujas, peixes com aspecto ruim alimentos congelados em processo de descongelamento. Pronto: o negócio está por um fio. É verdade que são poucas as empresas que reúnem todos os desastres de uma só vez, mas apenas alguns deles já são capazes de empurrar o consumidor para o colo da concorrência. Examente por isso, metade dos supermercadistas ouvidos por SM aponta a insatisfação do consumidor como um dos mais graves reflexos das falhas na execução. Eles sabem que esse é o verdadeiro ponto nevrálgico.
Quase metade da carga horária de um profissional de loja é gasta em atividades irrelevantes para a empresa, conforme estudo da consultoria McKinsey. Essa constatação ajuda a compreender por que a baixa produtividade também figura entre as sequelas de uma operação cheia de falhas, segundo 45% dos varejistas que opinaram na sondagem. Para Alexandre Ribeiro, o problema costuma esbarrar na insatisfação do colaborador com a empresa, em função da falta de clareza sobre o que fazer, como, quando e em quanto tempo. A ausência de ações para motivá-lo e de ferramentas para medir o seu desempenho também contribuem para os erros e a baixa produtividade. Com algumas exceções, o que costuma se ver na operação de checkout, por exemplo, são registros incorretos de hortifrútis, devido à falta de treinamento do colaborador. Há ainda operadores que, para acelerar o atendimento, deixam de registrar item a item, gerando estoque virtual e, portanto, ruptura. A frente de caixa, aliás, é indicada por 31% dos supermercadistas como a área mais afetada pela má qualidade na execução.
Por Viviane Sousa - 24/02/2015

quinta-feira, 2 de abril de 2015

SUPERMERCADOS: Escassez de água


Os especialistas afirmam que o fornecimento não vai se regularizar rápido. Há até quem aposte em um cenário pior do que o atual. Confira como alguns supermercados já estão lidando com a situação
O Sudeste enfrenta sua maior seca em décadas. Além da falta de chuvas, a escassez é fruto da falta de investimentos e também do desperdício. “Gastamos muito mais água para higiene e limpeza do que para saciar a sede. Esses usos geram efluentes, que são descarregados no esgoto. Este, por sua vez, é despejado nos rios sem tratamento. Isso polui as águas, o que impõe a necessidade de captar o recurso cada vez mais longe. Se houvesse tratamento da água antes de seu retorno aos rios, não estaríamos nessa condição de escassez”, afirma Sergio Werneck, presidente da Nova Opersan, empresa de soluções ambientais. Mas o fato é que as empresas, incluindo as de supermercados, precisam se adaptar a uma oferta menor de água. Quem garante é José Galizia Tundisi, especialista em recursos hídricos da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos). Segundo ele, o poder público não fez inteiramente a sua parte e não comunicou às pessoas a gravidade do momento. “Mas os hábitos do brasileiro também não mudam, o que gera desperdício crônico”, diz. Ele afirma que é preciso construir canais, reciclar lixo, tratar a água e adotar técnicas de reúso, além de reeducar a população.
O desafio é grande para os supermercados. A água é utilizada em setores como açougue, restaurante, padaria, peixaria, além dos equipamentos refrigerados e para limpeza em geral. Outro agravante: com menos água, a energia também passa por racionamento e a agricultura pode ter quebra de safras, com reflexo no preço dos alimentos. “Não me preocupo só com este momento, mas com o futuro, pois tudo indica que se trata de uma crise permanente”, afirma Valdemar do Amaral, presidente da rede ABC, com 29 lojas em Minas Gerais. Ele diz que a falta de água estressa os funcionários, o que afeta a empresa.

O uso racional desse e de outros recursos faz parte da política de sustentabilidade da rede. “Acompanhamos indicadores como metas de redução de água e de outros insumos. Realizamos esse trabalho não somente pela necessidade de controles de despesas, mas pela consciência de fazer mais com menos”, afirma Amaral. Os custos com água na empresa alcançam 0,35% do faturamento e representam 1,1% de todas as despesas. Além da conta de água, há taxas nas redes de esgoto calculadas a partir do consumo hídrico.
Com 19 unidades no Rio de Janeiro, o Princesa já vem se mobilizando. Faz reuniões internas com os colaboradores e espalha cartazes sobre os cuidados no uso da água. ”Adotamos ainda um sistema de captação de água de chuva para limpeza de carrinhos e caminhões”, explica Ronaldo Teixeira, gerente comercial.
O rodízio de água já é uma realidade para o supermercado Carone, com nove filiais no Espírito Santo. A empresa aumentou o volume de água disponível de 12 mil para 16 mil litros com a instalação de uma nova caixa. Outra saída encontrada pelo supermercado foi a construção, em outubro do ano passado, de um poço artesiano no terreno da matriz, em Vitória, quando viu que a situação iria se agravar.
“Essa água é destinada apenas à limpeza, pois sua utilização para outros fins ainda enfrenta muita resistência da população”, explica Luiz Carlos Manoel Barbosa, gerente de loja do Carone. Mesmo com a água do poço, Barbosa explica que a rede deixou de lavar os carrinhos de compra todos os dias. “Seria um desrespeito manter esse hábito enquanto a população sofre com rodízios severos. Optamos por uma limpeza mais superficial, mas correta e sem desperdício”, diz.

Os supermercados também podem compartilhar com os clientes as medidas de economia que deram certo. Assim contribuem também para uma maior conscientização da sociedade, o que é bom para todos.
A GRAVIDADE DA SECA
Veja a dimensão do problema no Sudeste
É a maior seca em:
» 90 anos no Rio de Janeiro
» 45 anos em Minas Gerais
» 40 anos no Espírito Santo
O que fazer
Medidas que podem ser adotadas pelas lojas
• Identificar os pontos de perda de água
• Instalação de medidores por setor para identificar os locais de maior consumo
• Adoção de equipamentos mais econômicos do que os convencionais. Exemplo: troca de caixas acopladas nas bacias dos banheiros de 12 para seis litros
• Instalar válvulas economizadoras nas torneiras
• Dependendo do tamanho do supermercado, adotar solução de captação e reúso de água de chuva
Por Patrícia Roque
Fonte:Governos Estaduais

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Atacarejo foi o canal com maior avanço de vendas em 2014


Em valor, a alta nas vendas nos atacarejos chegou a 9,7%, na comparação com 2013. Foi o canal com maior crescimento, conforme aponta estudo da Nielsen, divulgado ontem (31/03). Os supermercados ficaram em segundo com evolução de 6,5%, e os minimercados em terceiro, com 6,2%, no mesmo período. Enquanto isso, as vendas em valor nos hipermercados caíram 0,7%.
Mayane Soares, analista de mercado da Nielsen, reforça que os atacarejos foram e continuarão sendo favorecidos pela vantagem financeira. “Cerca de 13% dos brasileiros estão economizando para pagar dívidas. Além disso, estão preocupados com a situação econômica do País. Desta forma, buscam canais com melhores opções de preço”, diz. Não por acaso, o canal é responsável por 62% das compras de abastecimento. Em 2013, respondia por 53%. Segundo Mayne, isso deve se repetir em 2015.
Ainda de acordo com a pesquisa da Nielsen, 47 novos atacarejos foram abertos no ano passado, o que também contribuiu para o avanço nas vendas do canal. Isso representa uma alta de 12%. Outra contribuição importante é que em 2014 1,4 milhão de novos lares passaram a fazer compras em atacarejos. “O canal também vem fidelizando o shopper. Para se ter uma ideia, clientes antigos foram responsáveis por 96% do aumento do gasto nas lojas, no ano passado”, conta Mayane.
Aguarde a edição de abril de SM com reportagem analisando o desempenho e o papel dos principais formatos de loja nas estratégias das empresas do setor.
Por Viviane Sousa